As próximas missões da NASA à Lua e a Vénus, a construção da primeira estação espacial privada pela Axiom Space, os satélites portugueses da GeoSat que estão a monitorizar o planeta e as experiências laboratoriais realizadas em microgravidade foram alguns dos temas abordados na GLEX Ignition. Uma sessão que contou com a participação do Ministro da Economia, António Costa Silva, e que antecipou o arranque da maior cimeira de exploradores do mundo, juntando mais de 200 especialistas nacionais e internacionais na Gare Marítima de Alcântara.
Transmitida em live streaming para todo o mundo, a partir da Gare Marítima de Alcântara, a GLEX Ignition juntou, em Lisboa, alguns dos principais players da indústria espacial e da exploração científica, numa sessão inteiramente dedicada ao futuro da exploração e da economia espacial, em jeito de prelúdio ao programa GLEX Summit 2022, que os Açores acolhem a partir desta segunda-feira e até ao próximo dia 7.
A sessão, realizada em parceria com a Agência Espacial Portuguesa e em colaboração com a International Space University, lançou perguntas, mas também respostas sobre o nosso futuro e deixou uma mensagem clara: precisamos de cuidar do nosso planeta, enquanto tentamos descobrir soluções para a nossa permanência no espaço.
O Ministro da Economia, António Costa Silva, abriu a sessão e deu o mote a esta ideia: “Estamos a destruir a biodiversidade do planeta e insistimos em repetir os mesmos erros. A interação entre o espaço e os oceanos é fundamental para combatermos a crise climática e anteciparmos decisões futuras. Precisamos de novas ideias, de novas tecnologias, mas também de novas políticas públicas para salvarmos o planeta”.
Dos oceanos terrestres para os oceanos cósmicos, James Garvin, cientista-chefe da NASA e precursor da exploração em Marte, recorreu ao legado de Fernão Magalhães para lembrar que, como exploradores, “estamos perto de ver coisas que nunca imaginamos ver”. Dando como exemplo o novo telescópio espacial James Webb, que a NASA desenvolveu ao longo dos últimos 20 anos, James Garvin acredita que “vamos agora conseguir ver melhor, maior e ainda mais longe”.
Mas não só. Com o recurso a novas ferramentas e tecnologias, James Garvin acredita que as novas missões à Lua e a Vénus vão fornecer resultados mais precisos, abrindo novas portas à compreensão do nosso universo. “Usando estas novas ferramentas, vamos tentar descobrir onde estiveram e porque desapareceram os oceanos de Vénus. Seriam iguais aos que temos hoje na Terra? E será o nosso futuro igual ao presente de Vénus?”
As perspetivas para a economia espacial
A par da exploração científica, também a economia espacial parece estar a desenvolver-se a um ritmo nunca visto, sobretudo após o aparecimento de empresas privadas como a SpaceX ou a Axiom Space. “É uma indústria que está a desenvolver-se rapidamente e a ligar-se a outros setores da economia”, admite Pascal Ehrenfreund, presidente da Internacional Space University.
“Por força do pioneirismo destas empresas, ir hoje ao espaço tem custos muito mais reduzidos, embora existam aqui razões comerciais”, destaca, por sua vez, Raphael Roettgen, investidor e sócio-gerente da EM2C Ventures. “Estamos a dar um passo em direção ao futuro e a construção da primeira estação espacial privada é disso um exemplo, até porque ninguém parece estar a planear substituir a atual ISS”, afirma Michael López-Alegría, antigo astronauta da NASA e atual vice-presidente da Axiom Space.
“É verdade que o espaço ainda não é acessível a todos. Mas um dia será acessível a muito mais gente, tal como aconteceu na história da aviação comercial”, reforça López-Alegría que, em abril passado, comandou a primeira missão totalmente privada à Estação Espacial Internacional.
Dos satélites portugueses às experiências em microgravidade
A GLEX Ignition deu ainda a conhecer a nova geração de satélites da portuguesa GeoSat, uma das únicas duas empresas na Europa a operar neste mercado. “São satélites de grande resolução e que permitem observar a Terra de uma outra perspetiva, sendo utilizados para vários fins, desde a agricultura ao tráfego marítimo, passando pelos fogos florestais, a ajuda humanitária, a segurança e também a defesa”, enumerou Francisco Vilhena da Cunha, CEO da GeoSat.
Noutra perspetiva, foi ainda apresentada a Zero G Fligths, empresa norte-americana que foi pioneira na realização de voos parabólicos e que, desde a sua criação, em 2004, já proporcionou esta experiência a mais de 7 mil passageiros, incluindo alguns nomes famosos, como Stephen Hawking, Elon Musk, Jeff Bezos, Richard Branson ou Martha Stewart. “Não é uma simulação, é mesmo real. Durante 8 ou 9 minutos, sentimos o que é estar no espaço. É uma experiência única, surreal”, garante Matt Ghod, CEO da Zero G.
Além de clientes privados, a empresa realiza também voos educacionais, disponibilizando ainda três a quatro voos por ano para a realização de pesquisas e testes laboratoriais em microgravidade. Num desses voos, foi impressa a estrutura do primeiro coração 3D em gravidade zero.
A GLEX Summit é uma organização conjunta da Expanding World e do The Explorers Club of New York, com os apoios do Governo dos Açores e do Turismo de Portugal, e em parceria com a Agência Espacial Portuguesa – Portugal Space, Estrutura de Missão do V Centenário da Primeira Circum-Navegação, Axiom Space e Lexus.