Mais um dia de lotação esgotada e um anúncio surpreendente na GLEX Summit: no inverno deste ano, a ilha da Terceira vai ser palco da primeira missão espacial análoga a Marte – também a primeira realizada em Portugal! Hoje, quinta-feira, mais de duas dezenas de reputados exploradores e cientistas passaram pelo palco do Centro de Congressos Angra do Heroísmo. O programa do terceiro e último dia da GLEX Summit tem início às 09h45, novamente no Centro dos Congressos de Angra do Heroísmo, com o término da derradeira sessão previsto para as 12h30.
A primeira missão espacial análoga a Marte realizada em Portugal vai ser liderada pela Associação de Montanheiros, em parceria com entidades, como o INESC TEC, a Universidade dos Açores, Universidade de Aveiro, para além de empresas diversas. “Isto confirma o potencial que os Açores têm para colocar não, apenas a região, mas Portugal, no mapa mundial das missões espaciais análogas. Portanto, vai ser uma oportunidade incrível, ainda para mais anunciada frente a uma plateia como a da GLEX Summit”, afirmou João Carlos Nunes, diretor científico do Instituto de Inovação Tecnológica dos Açores.
A sessão “Correções de Percurso” abriu o segundo dia da quarta edição da GLEX Summit. Uma extraordinária viagem por algumas das expedições mais intrépidas do século XXI, que nos levaram a novas altitudes e profundidades, desde a superfície de planetas, a locais paleoantropológicos intocados, entre muitos outros. Uma manhã em que também ficou bem vincada a capacidade de exploradores de reconhecerem e adaptarem-se às circunstâncias para prosperar e sobreviver.
O biólogo marinho, Nathan Robinson, foi o primeiro a subir ao palco do Centro de Congressos de Angra do Heroísmo. O rosto de várias campanhas contra o plástico dos oceanos, também produziu vídeos virais como aquele em que retirou uma palhinha do nariz de uma tartaruga. Nos Açores, o inglês sublinhou a importância de todos combatermos esse flagelo, mas também emocionou a plateia com as imagens que captou de uma lula gigante nas águas americanas. “Não foi o tamanho do animal que foi inovador, mas sim o facto de o termos apanhado com a câmara. Foi a primeira vez que foi filmado nas águas dos EUA”.
Francesco Sauro, geólogo, espeleólogo e explorador da National Geographic, sublinhou: “As grutas são locais onde estamos a aprender a ser grandes com a natureza. Para compreender, realmente, o que existe lá em baixo, é preciso ir lá abaixo. Não é algo que se possa encontrar no Google Earth. As grutas podem ser algo bastante incrível e o que ainda falta explorar é, provavelmente, enorme”.
Na primavera de 2014, John All caminhava, num remoto pico dos Himalaias, no Nepal, chamado Himlung, quando rompeu uma fina camada de neve e caiu numa fenda com uma profundidade equivalente à altura de sete andares. Teria continuado a cair, quase de certeza para a morte, se não fosse uma pequena plataforma de gelo que cobria a fissura, sobre a qual aterrou milagrosamente. Atordoado e ferido – 15 ossos partidos, um ombro deslocado e uma hemorragia interna – John All recolheu-se na cripta gelada e começou a documentar a provação com recurso a uma câmera. Pensou nos seus colegas de expedição, nos seus alunos, na sua mãe… Eles iriam querer saber o que lhe tinha acontecido caso sobrevivesse, o que parecia improvável. Apesar das dores dilacerantes, durante as horas que se seguiram, John All foi escalando as paredes, movendo-se centímetros de cada vez… até chegar à superfície. Depois demorou mais de duas horas a rastejar até à tenda onde tinha um telefone celular para pedir socorro. Uma incrível história de sobrevivência que emocionou a plateia da GLEX Summit. “Eu desenterrei-me da minha própria sepultura, levantei-me e saí. Alguns morrem, mas nós temos de continuar nesta missão pela ciência”, confessou.
Projetado pela NASA, em colaboração com a Agência Espacial Europeia (ESA) e a Agência Espacial Canadiana (CSA), James Webb é o melhor telescópio espacial de sempre e, desde o Natal de 2021, que está no Espaço, estando agora localizado a mais de 1 milhão de quilómetros da órbita da Terra. Cientista do projeto desde 1997, Matt Greenhouse afirmou, na GLEX Summit: Deve haver dezenas de biliões de mundos habitáveis na nossa galáxia. As luzes das estrelas transmitem tudo o que sabemos sobre o Universo e deixo um conselho a todos os jovens que querem trabalhar nesta área: vão para a faculdade e fiquem por lá”.
A tarde do segundo dia da GLEX Summit foi reservada a uma sessão especial: SOE – Space, Ocean and Earth Insights (SOE’23). Organizado pelo INESC TEC – Institute for Systems and Computer Engineering e co-organizado pelo Programa UT Austin Portugal, pela plataforma TEC4SEA e pelo Institute for Astronautical Sciences and Space For All Nations, revelou novas perspetivas e importantes conclusões dos mais recentes projetos científicos neste domínio, que vão impulsionar a discussão do futuro da exploração.
Uma sessão que foi aberta por aberta por Álamo Meneses (presidente da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo) e por Ana Pires (coordenadora científica do SOE e astronauta-análoga) e que contou com a participação de Yvette Gonzalez e Ricardo Conde (copresidentes do SOE), mas também de: João Carlos Nunes, que explicou as razões para os Açores terem emergido onde emergiram; Christyl Johnson, que mostrou os progressos tecnológicos para levar o Homem a Marte; Alfredo Martins, que partilhou imagens de robôs em ambientes submarinos extremos; Amy Kukulya, que mostrou a exploração através dos olhos de um robot; Carlos Espejel, que explanou o tema da economia cislunar; Luís Sentis, que fez uma apresentação sob o mote “Um futuro para a robótica centrada no ser humano”; Moriba Jah, que defendeu o ambientalismo espacial; e Aidyl Gonzalez-Serrichio, que explicou o impacto das alterações climática na saúde dos solos. Eduardo Silva, Telmo Carvalho, Elsa Henriques e Rui Oliveira foram outros dos participantes.
Richard Garriott, presidente do The Explorers Club, sublinhou: “Tem sido fenomenal a GLEX Summit no belo território dos Açores. Ontem, fiquei entusiasmado pela esperança passada nas mensagens, mas hoje falámos mais de soluções ‘com os pés na terra’. Nós estamos a fazer o que é certo, ao trazer estes cientistas, exploradores, universitários, investigadores, etc., para ajudarem a passar a mensagem de como devemos proteger o nosso planeta, que é o único que temos para viver agora”.
A GLEX Summit é organizada pela Expanding World, com a chancela e curadoria da prestigiada agremiação de líderes da exploração do planeta, o The Explorers Club of New York.
Sobre a GLEX Summit:
A Global Exploration Summit (GLEX Summit) foi criada no âmbito da celebração do quinto centenário da primeira circum-navegação do mundo, comandada por Fernão de Magalhães. Em 2019, na edição de estreia, a organização e o painel de oradores assinaram a Declaração de Lisboa, firmando o compromisso com a exploração fundamentada na procura de conhecimento científico para o progresso da humanidade e de toda a vida na Terra e no universo.
Em apenas três edições, a GLEX Summit tornou-se a maior cimeira de exploradores à escala global, ao conseguir reunir um notável leque de oradores nas áreas da conservação da natureza, oceanos, Terra e Espaço, de que são exemplo lendas vivas da exploração e investigação como James Garvin, Brian Cox, Beverly e Dereck Joubert, Fabien Cousteau, Sian Proctor, Sylvia Earle, entre muitos outros. As dezenas de palestras conduziram os espectadores a uma viagem por descobertas vanguardistas, tendo sido apresentadas importantes missões científicas e tecnologias de ponta que têm impulsionado a Humanidade para novas fronteiras do conhecimento.
Por outro lado, a cimeira tem posicionado Portugal enquanto destino de boas práticas na conservação dos oceanos, na produção e partilha científica, assim como destino referência de inclusão e diversidade.
Certificação sustentável
A GLEX é um evento eco-responsável, com a certificação da gestão sustentável de eventos pela norma ISO 20121. Esta certificação foi atribuída à Expanding World pelo esforço empreendido em conjunto com o The Explorers Club de implementação de um sistema de gestão sustentável da cimeira.
Discovery+/HBO
Algumas das palestras da GLEX chegam ao Discovery+, a plataforma de streaming da Warner Bros. Discovery, numa série produzida para a multinacional americana que conta já com duas temporadas. Os episódios da terceira temporada, lançada brevemente, abrangem algumas das missões científicas e descobertas apresentadas no palco da GLEX, como os vulcões ativos no universo, a primeira Estação Espacial Comercial e os desafios e avanços da medicina espacial. Após a fusão da Discovery com a WarnerMedia, a plataforma de streaming tem cerca de 95 milhões de subscritores.