Um ano após a vitória na etapa inaugural, Carlos Sousa está de regresso ao Dakar, apresentando-se este domingo à partida do maior rali do mundo aos comandos de um ASX Racing inscrito pela equipa Mitsubishi Petrobras.
Nesta que será já a sua 16ª participação na prova – quinta na América do Sul –, Carlos Sousa terá a seu lado o compatriota Paulo Fiuza, formando a única dupla portuguesa a competir na corrida automóvel. Os dois cumpriram em outubro passado, no Chile, uma estreia de sonho com a Mitsubishi Brasil, vencendo o Atacama Rally, naquele que constituiu o último grande teste de preparação da equipa para o Dakar.
Dirigida pelo experiente Thierry Viardot, antigo diretor técnico da equipa MMSP e um dos principais responsáveis pelo recorde de 12 vitórias alcançado pela Mitsubishi no Dakar, a equipa Mitsubishi Petrobras terá ainda um segundo ASX Racing entregue à dupla brasileira Guilherme Spinelli e Youssef Haddad.
Vencedor da última edição do Rally dos Sertões, em agosto último, Guiga Spinelli cumpre em 2015 o seu sétimo Dakar. Em 2010, chegou a fazer equipa no Dakar com Carlos Sousa, quando ambos disputaram a prova nos Mitsubishi Racing Lancer inscritos pela JMB Stradale.
“É um desafio novo que estou a encarar com muito entusiasmo. Trabalhamos muito nos últimos meses para desenvolver o ASX Racing e prepará-lo para o grande desafio que constitui o Dakar. Sabemos que ainda não temos carro para lutar pelos primeiros lugares, mas acreditamos que há potencial e margem para podermos discutir um lugar no top-7, embora sempre na expetativa de conseguirmos um resultado no top-5 final”, perspetiva Carlos Sousa.
Recorde-se que em 15 participações no Dakar, Carlos Sousa soma já 10 presenças no top-10 da classificação, com dois quintos lugares (2001 e 2002), três sextos (2010, 2012 e 2013), três sétimos (2005, 2006 e 2007) e um décimo em 1997, exibindo como melhor resultado 4º lugar alcançado em 2003, além de seis vitórias em etapas – a última delas em janeiro passado.
“A concorrência será fortíssima, bastando lembrar que estarão presentes os últimos cinco vencedores do Dakar, num pelotão onde se incluem nada menos do que 10 MINIS, outros tantos Toyota, vários buggys de duas rodas motrizes e ainda os três Peugeot oficiais… Ou seja, há seguramente dezena e meia de candidatos com legítimas aspirações aos lugares cimeiros da classificação e acredito que a luta vai ser tremenda logo desde o primeiro dia. Vamos fazer o nosso melhor, procurando ser regulares ao longo de toda a prova, embora sabendo que o nosso carro não está ainda ao nível do que ambicionamos, sobretudo ao nível das suspensões, enquanto a nova caixa de velocidades é talvez a grande incógnita, por ser a primeira vez que uma equipa a utiliza num Dakar ”, salienta o português.
Juntando 414 equipas de 53 nacionalidades, distribuídas por 164 motos, 134 carros, 64 camiões e 48 quads, a 37ª edição do Dakar arranca oficialmente este domingo em Buenos Aires. Após quatro anos de ausência, a capital argentina volta a ser o ponto de partida para uma aventura de mais de 9 mil quilómetros, metade dos quais disputados ao cronómetro, repartidos por 13 etapas na Argentina, Chile e Bolívia, país onde os automóveis vão cumprir este ano a sua estreia no salar (deserto de sal) de Uyni.
Tal como aconteceu em 2009, 2010 e 2011, a competição terá partida e chegada no mesmo local, estando o regresso a Buenos Aires agendado para o dia 17. O tradicional dia de descanso acontece a 12 de janeiro, após a caravana automóvel enfrentar a mais longa especial desta edição, num total de 781 km, entre Uyuni e Iquique.
O penúltimo dia terá a etapa mais longa da história do rali, com 1.024 km entre as cidades de Termas Rio Hondo e Rosário, na Argentina, se bem que as maiores dificuldades estarão reservadas para a Etapa Maratona – outra novidade este ano! – na transição entre o Chile e a Argentina. Será um dia crítico para as mecânicas, já que a assistência estará interdita à chegada ao Bivouac.
Domingo, a primeira etapa do Dakar levará os concorrentes desde Buenos Aires a Vila Carlos Paz, num total de 833 km. O setor cronometrado de 170 km será maioritariamente disputado em pistas rápidas e com bom piso, num primeiro teste que servirá já para medir o pulso às ambições das várias equipas.