Quando os portugueses estiverem reunidos à mesa, Carlos Sousa está a partir para o oitavo dia do Dakar. Às 13h32, o almadense desafia a segunda metade da etapa-maratona, ao volante do Duster que não recebeu assistência ‘pesada’ no final da ‘especial’ de ontem. Ou seja, o piloto nacional e o navegador fizeram de mecânicos até ao início da madrugada em Portugal. Um esforço suplementar, depois de mais uma etapa não isenta de percalços, mas onde, ainda assim, estabeleceram o 23º melhor tempo – ocupam resultado idêntico na classificação geral.
Piloto durante o dia e mecânico à noite. Ontem, foi assim o dia de Dakar de Carlos Sousa. Depois de 425 quilómetros cronometrados bastante duros e de mais 301 em ligações, o português e o francês Pascal Maimon (o seu navegador), foram obrigados a horas extraordinárias no bivouac situado na cidade boliviana de Uyuni. Afinal, tratou-se de uma etapa-maratona, o que na terminologia do Dakar equivale a dizer, uma ‘especial’ com proibição de assistência ‘pesada’ no final. Os dois estiveram de volta da caixa de ferramentas, procurando curar algumas feridas do Duster, naturais face à dureza e altitude das pistas bolivianas. Mais um dia à ‘Dakar’, já um clássico para os resistentes da edição 2018…
Era já madrugada adiantada em Portugal, quando Carlos Sousa deixou o bivouac do final da 7ª etapa para umas curtas, mas merecidas horas de descanso. «Quase seis horas de sono. Um luxo!», confessa o piloto, minutos depois do despertador ter tocado. «Ontem foi mais um dia bastante difícil. Aliás, as pessoas não imaginam o quanto está a ser duro este Dakar. No início da etapa imprimimos um ritmo forte, rodando a um minuto e pouco dos pilotos que fechavam o top-10. Mas numa zona de areia encontrámos alguns Toyota atascados e saímos da pista para os contornar. Não foi a melhor solução! Atascámos várias vezes e perdemos algumas dezenas de minutos. Quando conseguimos retomar a pista, decidimos prosseguir a um ritmo mais moderado. As pressões de pneus não eram as mais adequadas e os pisos estavam duríssimos, até pelo facto dos primeiros camiões já rodarem à nossa frente».
Quando chegaram ao bivouac e já de volta da caixa de ferramentas, Carlos Sousa e Pascal Maimon descobriram uma fuga de óleo no Duster: «Não conseguimos detetar a origem, pois só com os nossos meios, não conseguimos tirar a muita areia e lama acumuladas na mecânica. Tanto pode ser do motor, como da direção assistida. Tentámos tudo para perceber, mas não conseguimos. Por isso, hoje vamos partir com uns bons litros de óleo no carro para tentarmos chegar ao final da etapa. O objetivo vai ser ‘apenas’ esse, não temos alternativa. E não vai ser fácil, porque se perspetiva mais um dia muito difícil.»
Apesar dos contratempos, ontem, a dupla Carlos Sousa/Pascal Maimon estabeleceu o 23º melhor tempo da sétima etapa, a 2h02m16 dos mais rápidos, ocupando posição idêntica na classificação geral.
O dia de amanhã
Domingo, 14 de janeiro/8ª Etapa (Uyuni/Tupiza) – 584 km (SS: 498 km)
A segunda parte da etapa-maratona é também a que dispõe da especial cronometrada mais longa de todo o rali. Não fosse isso um desafio já de si complexo e as equipas ainda terão que enfrentar mais um duro teste nas dunas, desta feita, a 3500 metros de altitude. Se há etapa seletiva onde se poderá começar a preconizar o nome do vencedor é esta.