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Portugal entra, definitivamente, na rota dos mais prestigiados Rally-Legends europeus, é esta a única conclusão a que se pode chegar, concluída que está a 5ª edição do RallySpirit Altronix. Três dias de emoções fortes no Grande Porto, com muito saudosismo à mistura, já que entre os mais de 100 participantes – cerca de 30% estrangeiros! – estiveram muitos automóveis de épocas que marcaram a história dos ralis mundiais, com destaque para os impressionantes e espetaculares “Grupo B”. Nesse particular, natural destaque para o ex-campeão do Mundo de Ralis, o sueco Stig Blomqvist que, apesar dos respeitáveis 73 anos de idade, ao volante do incontornável Audi Sport Quattro S1, foi um dos grandes responsáveis pelas autênticas romarias a Vila Nova de Gaia, Porto, Barcelos de Gaia e Santo Tirso. Molduras humanas constituídas por muitos milhares de espectadores, que nem um São Pedro pouco colaborante conseguiu demover. No plano desportivo, destaque para as vitórias de Pedro Leal/Isabel Ramalho (Mitsubishi Lancer Evo) na Categoria “Spirit” e Rui Salgado/Luís Godinho (Volkswagen Golf GTI) entre os “Históricos”.

35 anos depois de se sagrar Campeão do Mundo de Ralis, Stig Blomqvist voltou a estar aos comandos de um carro de ralis, com o sueco, no final do RallySpirit Altronix, a admitir que “foi muito bom regressar a Portugal e ver que nada mudou… só eu estou mais velho! A paixão pelos ralis mantém-se e os espectadores continuam a vibrar com este desporto, mas felizmente agora estão muito melhor comportados. Aliás, a organização está de parabéns pelo excelente trabalho realizado e pela escolha que fez do percurso, muito interessante e seletivo.”

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O piloto não esconde que “voltar a guiar este Audi Sport Quattro S1 também é sempre um prazer. Noutros tempos, correr com ele contra o cronómetro era um enorme desafio e, hoje, mais de 30 anos depois, também continua a ser, mesmo que o ritmo seja, claro, mais lento. O gozo de guiá-lo num ambiente descontraído como o do RallySpirit, que tão bem se enquadra no espírito dos Rally-Legends atuais, só posso dizer que ainda é imenso!”

Para Stig Blomqvist, de 73 anos, esta curta viagem no tempo de três dias, em Portugal, também permitiu algumas reflexões relativamente à evolução dos ralis. Comparando os pilotos do seu tempo com os da atualidade, o sueco com 55 anos de carreira, refere que “os pilotos de hoje são também muito rápidos, mas têm muito melhores condições do que aquelas que tínhamos na década de 80. Penso que nunca saberão quais as dificuldades do que era fazer um troço como Arganil à noite, com nevoeiro e chuva, ou um rali com 700 quilómetros de troços cronometrados e com poucas horas de sono, com carros que não curvavam como os atuais e que tinham acelerações brutais. Mas é a normal curva do tempo e da evolução”.

Mas se o valor das palavras de um ex-Campeão do Mundo como Stig Blomqvist constituem legítimo motivo de orgulho para a organização do RallySpirit Altronix, não restam dúvidas que a 5ª edição constitui um marco importante na ainda curta história da prova. Na realidade, o RallySpirit entra, por direito próprio, na rota dos mais prestigiados e importantes Rally-Legends europeus e não faltam razões que o justificam: desde a participação de um ex-Campeão do Mundo de ralis entre as mais de 100 equipas – 30% estrangeiras! – que alinharam à partida e, não é de mais assinalar, a participação de carros tão emblemáticos como o Audi Sport Quattro S1, o MG Metro 6R4, o Peugeot 205 Turbo 16 E2 ou mesmo o Lancia Stratos, Lancia 037, o Alpine A110 e o Renault 5 Turbo.

Máquinas que levaram milhares de aficionados do desporto automóvel a encherem os pontos nevrálgicos da prova, com destaque para as 10 provas especiais que constituíram o esquema competitivo da prova da X-Racing, operacionalizada na estrada, pelo Clube Automóvel de Santo Tirso. Entre a dezena de classificativas disputadas, destacou-se a especial “Boucles Barcelos”, corrida de forma inédita em Portugal, e que, sem tempos cronometrados, permitiu espetáculo acrescido para o público entusiasta, que vibrou com as animadas perseguições entre os diversos concorrentes, numa aposta claramente ganha.

No capítulo desportivo, a prova reservou algumas surpresas para o último dia principalmente na Categoria “Spirit”. Depois de liderar na primeira etapa, a dupla espanhola Emilio Vazquez/Hector Rodriguez cedeu o comando a duas classificativas do final do rali, após problemas mecânicos no Citroën ZX Kit Car, que permitiu à dupla Pedro Leal/Isabel Ramalho, que, com o Mitsubishi Lancer Evo, herdarem uma vitória que, com enorme desportivismo, o piloto português fez questão de referir “pertencer à equipa espanhola no plano moral, embora já se saiba que os ralis estão sempre cheios de imponderáveis”. Palavras que só confirmam que o RallySpirit é, de facto, movido por… espírito muito especial!

Mesmo fora dos planos iniciais, até porque tinha apenas um único jogo de pneus disponível para toda a prova, Leal firmou o segundo triunfo na prova, (repetindo o êxito de 2017). Atrás da dupla do Mitsubishi, não faltou animação, com Gonçalo Figueiroa/José Janela, no Ford Escort MK II, a repetirem também o segundo lugar do ano passado e Armando Costa/Rui Raimundo, em Mitsubishi Lancer Evo, a assegurarem o derradeiro lugar do pódio, depois de um toque e furo do também Mitsubishi Lancer Evo ter feito a dupla Jorge Marques/Ricardo Cunha cair da segunda para a quarta posição.

Na Categoria “Históricos”, é que Rui Salgado e Luís Godinho não deixaram escapar a vitória no último dia, com o rápido e equilibrado Volkswagen Golf GTI. Naquele que poderá ter sido o seu último rali, o piloto nortenho confessou que o segredo da vitória “esteve no andamento da primeira classificativa onde, com muita chuva, os adversários jogaram à defesa e eu arrisquei tudo, ganhando uma vantagem que consegui aumentar ainda até ao final do primeiro dia, para depois gerir no último”, acrescentando que se tratou “de um triunfo particularmente emocional pois ganhar um rali já é especial, fazê-lo frente a um plantel de luxo e num ambiente fantástico como o do RallySpirit torna tudo mais especial”. O pódio acabou preenchido por Rui Ribeiro/Pedro Fernandes, que levaram o Ford Escort MK I até ao segundo lugar, à frente dos espanhóis Julio Borja Saura/Juan Costas, cuja beleza do Porsche 911 SC também encantou o público.

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Depois de três dias de emoções fortes para pilotos e espectadores, a organização da X-Racing também não podia estar mais satisfeita. À chegada a Vila Nova de Gaia, Pedro Ortigão, da X Racing, referiu que “estamos muito satisfeitos com o assinalável crescimento face às edições anteriores, o que é extremamente positivo para evolução do RallySpirit. A presença dos míticos carros de Grupo B foi naturalmente a ‘cereja no topo de bolo’, mas estamos igualmente contentes por perceber que alguns dos principais animadores dos mais importantes Rally Legend europeus nos deram um feedback muito positivo relativo ao RallySpirit. É igualmente gratificante perceber na estrada que estamos a conseguir corresponder às expectativas do público, que muito nos acarinhou ao longo dos dias de prova e que é um dos pilares de sucesso deste rali. No fundo, tivemos o cenário perfeito para nos enquadrarmos nos melhores Rally-Legends europeus, mesmo sabendo que ainda temos um grande potencial de evolução e é nisso que vamos trabalhar já em 2019”.

Corre o pano sobre o RallySpirit Altronix 2019, mas já com o pensamento no RallySpirit Altronix 2020!

Classificação Final
SPIRIT
1º Pedro Leal/Isabel Ramalho (Mitsubishi Lancer Evo), 33m22,4s
2º Gonçalo Figueiroa/José Janela (Ford Escort MK II), a 1m13,8s
3º Armando Costa/Rui Raimundo (Mitsubishi Lancer Evo), a 1m24,1s

HISTÓRICOS
1º Rui Salgado/Luís Godinho (Vokswagen Golf GTI), 36m35,4s
2º Rui Ribeiro/Pedro Fernandes (Ford Escort MK I), a 14,9s
3º Julio Borga Saura/Juan Costas (Porsche 911 SC), a 59,2s

Classificações completas em http://wwr.stm.pt/spirit2019/results.