O português Carlos Sousa foi o 25º mais rápido da segunda etapa do Dakar. O resultado possível para o almadense, face aos cerca de três quartos de hora perdidos a mudar uma rótula da direção e ao sobreaquecimento do combustível do Duster nos últimos 100 quilómetros da especial. Menos má é a notícia que acabou de chegar: o piloto foi ‘apenas’ penalizado em 20 minutos e não em duas horas como, erradamente, a organização assim decidiu ao início desta madrugada em Portugal, por ter falhado um dos “waypoint” da etapa de abertura.
O dia de hoje começou com um forte sentimento a injustiça para Carlos Sousa: «Ontem à noite recebi a informação de que ia ser penalizado não em 20 minutos, mas sim em duas horas, por ter falhado um dos “waypoint” da especial de abertura. Uma tremenda injustiça porque, na realidade, o “waypoint” que falhei estava associado a uma penalização de 20 minutos e não de duas horas. Parece mentira, mas a verdade é que se trata de um erro da organização.» Um engano que acabou de ser assumido pela ASO, não comprometendo assim as aspirações do piloto do Duster.
Mas apesar de ainda ter partido para a segunda etapa com a informação da penalização de duas horas, o português começou «determinado em impor um bom ritmo, evitando as muitas armadilhas do percurso – impressionante o número de carros acidentados que vimos ao longo da especial.» O piloto do Duster rodava perto do top-20 quando «uma rótula de direção cedeu e fomos obrigados a substituí-la em pleno deserto. O Pascal (Pascal Maimon, o navegador) fez um excelente trabalho, mas perdemos cerca de três quartos de hora com a reparação.»
Quando retomou a prova, a dupla do Duster procurou efetuar a recuperação possível: «Ultrapassámos vários pilotos e gostei do comportamento do Duster. Nas zonas mais rápidas fomos penalizados pela ‘curta’ velocidade de ponta e, nos 100 quilómetros finais, perdemos tempo com as falhas da bomba de combustível, talvez devido a uma menor qualidade da gasolina. Mas a equipa está a analisar o problema, para que a situação não se volte a repetir.»
Em resumo, Carlos Sousa considera que «foi uma verdadeira etapa de Dakar. Extensa, com deserto cheio de armadilhas e com muita navegação. Está a ser um Dakar fértil em percalços para todas as equipas, mas também se confirma que o nível competitivo é muito forte, tanto em qualidade, como em quantidade»
Quanto ao Duster, com os quilómetros que está a acumular, Carlos Sousa admite que «começo a ficar com uma ideia dos pormenores em que é possível melhorar, até para o adaptar ao meu estilo de condução. Mas para além de pequenos detalhes, o mais importante é mesmo conseguir montar uma caixa de velocidades com relações mais ‘longas’, para podermos ter mais velocidade de ponta.»
No seio do Duster Dakar Team, para além do 25º tempo da dupla Carlos Sousa/Pascal Maimon na segunda etapa, destaque para o 18º tempo de Emiliano Spataro. O argentino ocupa posição idêntica em termos de classificação geral, enquanto o português é o 29º da geral, já com a penalização de 20 minutos da etapa inaugural.
A etapa de amanhã
Segunda-feira, 8 de janeiro/3ª Etapa (Pisco/San Juan de Marcona) – 502 km (SS: 295 km)
É aqui que o Dakar deverá começar a “aquecer”. Os principais desafios do dia encontrar-se-ão fora de pista, num “chott”, mas também no coração dos “canyons”. Se para os mais experientes será apenas mais uma etapa, para os estreantes será um duro teste de nervos.