Durante cinco dias, a terceira edição da Global Exploration Summit vai juntar em Portugal a maior comunidade de exploradores, cientistas e investigadores de todo o mundo. O programa inclui mais de 40 painéis de apresentação e decorrerá este ano nos Açores, no Teatro Micaelense, de 4 a 7 de julho, sob o tema “What’s Next?” O programa e a lista de oradores presentes já são conhecidos.
A cimeira que junta em Portugal a maior comunidade de exploradores, cientistas e investigadores do mundo apresentou o seu programa durante a World Oceans Week, o evento que o The Explores Club organiza anualmente na sua sede, em Nova Iorque.
Entre astronautas, aquanautas, exploradores polares, cientistas espaciais, engenheiros genéticos, vulcanólogos, geólogos, paleontólogos, oceanógrafos, biólogos marinhos, ecologistas, conservacionistas, cineastas e fotógrafos premiados, são mais de 50 os oradores que vão estar em Portugal no início do próximo mês de julho para a terceira edição da Global Exploration Summit (GLEX), uma organização conjunta da Expanding World (Portugal) e o The Explorers Club of New York.
Mais do que um encontro de exploradores, a GLEX Summit é uma jornada sobre o futuro do planeta, onde serão partilhadas as descobertas e as oportunidades que estão a impulsionar o mundo, apresentando respostas e soluções para os problemas atuais e futuros da humanidade.
Depois de uma primeira edição em Lisboa (2019) e de uma segunda (2021) que se dividiu pela capital portuguesa e o arquipélago dos Açores, a terceira edição da Global Exploration Summit tem encontro marcado para a ilha de São Miguel, onde o Teatro Micaelense, em Ponta Delgada, acolherá o programa principal, de 4 a 7 de julho.
Serão mais de 40 painéis de apresentação, com temas que vão desde a exploração e economia espacial à conservação da natureza e proteção da vida selvagem, passando pelas alterações climáticas e as grandes expedições polares.
Os oceanos profundos, os vulcões extraterrestres, os últimos dinossauros descobertos e a ressurreição de mamutes extintos há milhares de anos serão outros dos temas abordados durante a cimeira.
O programa compreende ainda uma sessão em live streaming, no dia 2 de julho, a partir de Lisboa (GLEX Ignition), dedicada à exploração espacial e com o apoio da Agência Espacial Portuguesa – PT Space.
Celebrar uma mudança de época na exploração
Celebrando uma mudança de época na exploração, “What’s Next?” será o lema desta edição e o mote inspirador das várias sessões, em que serão partilhadas as tecnologias e as inovações de ponta que estão a abrir caminho a uma nova era da exploração.
“Portugal foi um dos grandes centros da exploração mundial durante anos, pelo que é fantástico poder regressar ao país dos grandes descobridores para partilhar tudo o que se está a passar de novo no mundo da exploração”, revelou Richard Garriott, um dos primeiros astronautas privados do mundo e o atual presidente do Explorers Club, que estará nos Açores para abrir o programa oficial, a 4 de julho.
Neste primeiro dia da GLEX Summit 2022, o programa será dedicado à exploração espacial (sessão da manhã) e aos oceanos (sessão da tarde). James Garvin, cientista-chefe do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA, será o primeiro orador em palco. Depois de liderar a estratégia para a exploração em Marte, o atual líder do programa DAVINCI virá explicar os objetivos desta nova missão a Vénus.
Dos oceanos cósmicos de Vénus seguiremos para as luas de Júpiter e Saturno, onde a geóloga planetária Rosaly Lopes, que lidera o Laboratório de Propulsão a Jato da NASA, descobriu o maior número de vulcões ativos no Universo. Os seus estudos permitirão entender melhor os processos geológicos na Terra.
Conheceremos ainda as histórias de Nicole Stott e Cady Coleman, duas antigas astronautas da NASA, e descobriremos a arte espacial de Josh Coleman, conhecido pelas suas criações únicas em vidro inspiradas em planetas e estrelas cadentes.
Regressaremos depois à Terra com a astrobióloga Natahalie Cabrol para conhecermos o projeto “High Lakes”, que se dedica ao estudo de formas de vida microscópicas em ambientes extremos do planeta. O objetivo é perceber como poderia ser a vida em Marte há mais de 3 milhões de anos.
Antes de fechar este painel, reencontraremos o explorador e pioneiro Bertrand Piccard, primeiro a lançar-se numa volta ao mundo num avião movido a energia solar (2016), mais de uma década depois de ter feito o mesmo num balão. Depois destes feitos, dedica-se agora ao projeto “Solar Impulse”, com o objetivo de acelerar a transição para uma economia de carbono zero.
Do espaço para os oceanos profundos
Os Oceanos serão o tema de fundo da segunda sessão da GLEX Summit, que tem previstas cinco apresentações ao longo da tarde do dia 4 de julho. Edie Widder, conservacionista e exploradora de águas profundas, uma autoridade mundial em bioluminescência marinha, inaugura este novo painel, que incluirá ainda a cientista Rachel Graham, fundadora da “MarAlliance”, uma ONG internacional que se dedica à conservação da vida selvagem marinha.
Portugal estará também representado neste painel pelo cientista Emanuel Gonçalves, investigador do Centro de Ciências do Mar e do Ambiente que ajudou a criar a estratégia nacional para o oceano português, e pelo biólogo marinho Jorge Fontes, investigador do Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores.
Até final do dia, iremos ainda descobrir como o premiado biólogo marinho, Austin Gallagher, descobriu o maior prado de ervas marinhas do mundo durante as suas pesquisas com tubarões-tigres nas Bahamas, ou como a aclamada bióloga Ahsha de Vos criou a “Oceanswell”, a primeira organização de conservação marinha no Sri Lanka, enquanto se dedica ao estudo e pesquisa das baleias azuis no norte do Oceano Índico.
Da extinção dos dinossauros à ressurreição dos mamutes
Depois do espaço e dos oceanos, o segundo dia da GLEX Summit 2022 será dedicado à Terra e incluirá mais dez painéis de apresentação, com temas que vão desde a conservação e proteção da vida selvagem aos mistérios da extinção dos dinossauros e ao ambicioso projeto da Colossal.
Brian Cox, físico, professor universitário e premiado apresentador de programas sobre ciência na BBC, será um dos oradores convidados deste painel, tal como a bióloga conservacionista Leela Hazzah, diretora e fundadora da “Lion Guardians”, uma organização que se dedica a encontrar soluções de longo prazo para a coexistência de pessoas e leões na África Oriental.
Conheceremos também o trabalho do biólogo Christin Rutz, pioneiro em tecnologias de rastreamento de vida selvagem, e a forma como a Basecamp Research, uma empresa de dados biológicos sediada em Londres, está a revolucionar a descoberta de proteínas em ambientes extremos.
Ajudados pelo paleontologista Keneth Lacovora, que desenterrou alguns dos maiores dinossauros que já andaram na Terra e foi consultor científico do mais recente filme da Universal Pictures (“Jurassic World: Dominion”), perceberemos como fósseis com mais de 65 milhões de anos podem ajudar a entender os eventos que levaram à sua extinção e moldaram o mundo moderno.
A fechar o programa da manhã, teremos ainda o testemunho da Colossal Biosciences, através da cientista Eriona Hyosolli e do visionário empreendedor Ben Lamm, cofundador da empresa que se propõe ressuscitar geneticamente populações inteiras de mamutes, extintos há 4.000 anos, devolvendo-as ao seu ecossistema original, nas tundras geladas da Sibéria, no espaço de quatro a seis anos. Richard Garriott, presidente do Explorers Club, já classificou este revolucionário projeto como “a ida à Lua do século XXI”.
Na sessão da tarde, regressaremos a África para celebrar a vida selvagem e conhecer a “Big Cats Initiative”, projeto que o casal Dereck e Beverly Joubert lidera a partir do Botswana, alertando para o perigo da extinção dos grandes felinos. Percorremos ainda a coleção extraordinária de fotos, desenhos e vídeos que Carol Beckwith e Angela Fisher foram acumulando para documentar os rituais e as cerimónias de 150 grupos étnicos em 44 países africanos.
Das alterações climáticas à exploração polar
Introduzindo o tema das alterações climáticas, conheceremos o projeto “Farm from a Box”, que Brandi DeCarli lançou para fortalecer os sistemas alimentares locais e regionais, através de um sistema agrícola modular e fora da rede.
Quase a fechar o dia, seguiremos até às zonas mais frias do planeta com o explorador norueguês Borge Ousland, que realizou a primeira viagem a solo ao Pólo Norte e foi a primeira pessoa no mundo a atravessar a Antártida a pé e sem qualquer apoio. Está agora envolvido no “Ice Legacy Project”, que documenta os efeitos do aquecimento global nos 20 maiores glaciares do planeta.
Por sua vez, o paleoclimatologista Jerome Chappelaz, antigo diretor do Instituto Polar Francês, apresentará nos Açores o “Ice Memory”, um programa internacional, patrocinado pela UNESCO, que está a recolher amostras de gelo glaciar em todas as grandes montanhas do mundo para serem guardadas e conservadas (com todos os seus testemunhos) na Antártida. Uma espécie de Arca de Noé do gelo para futuras gerações de pesquisadores.
Explorers50: os exploradores que o mundo deve conhecer
O terceiro e penúltimo dia da GLEX Summit, 6 de julho, será o mais variado nas suas temáticas, reunindo um conjunto de convidados que, em comum, integram o Explorer’s Club 50 (EX50), uma lista de 50 pessoas que está a mudar o mundo e que o The Explorers Club considera que o mundo deveria conhecer.
Nos Açores, estarão oito dessas pessoas, cabendo a Sian Proctor abrir este painel. Professora de Geociências, Sian Proctor é a primeira astronauta comercial negra e a primeira a pilotar uma nave espacial. Fê-lo durante a missão Inspiration4 da SpaceX, o primeiro voo espacial totalmente civil do mundo. Através da sua arte espacial e do blogue “Space2Inspire”, incentiva conversas sobre mulheres negras na indústria espacial e alerta para questões como o desperdício alimentar e as mudanças climáticas.
O biólogo Joshua Powell e a ecologista Natalie Schmmitt apresentarão nos Açores os seus projetos e investigações para a defesa de espécies ameaçadas (como o tigre de Amur ou as baleias da Antártida). Por sua vez, a cientista e exploradora polar Sunniva Sorby, membro da primeira equipa feminina a chegar à Antártida (1993) falará sobre o seu último projeto, “Hearts in the Ice”, de combate às mudanças climáticas.
Cofundador da “Fresh Tracks”, Juan Martinez explicará como está a enraizar nos jovens o poder de cura do ar livre, e John Mack, artista visual, abordará a atual dependência dos dispositivos digitais, apresentando a “Life Calling Initiative” como parte da sua investigação entre a realidade e o virtual.
Da Índia virá a conservacionista Onkuri Majumdar, que luta contra o tráfico de animais selvagens no Sudeste Asiático, e do Canadá a médica e aquanauta Shawna Padya, primeira a testar um fato espacial comercial em gravidade zero. Estas serão as últimas apresentações presenciais do programa, já que no dia seguinte, 7 de julho, as sessões serão exclusivamente online.