Talento confirmado. Com apenas 18 anos, Guilherme Oliveira fez História na 61ª edição das Rolex 24 Horas de Daytona e chegou a liderar a prova na categoria LMP3, antes do Ligier da equipa MRS GT-Racing ser obrigado a desistir, devido à quebra do escape, quando o singapurense Danial Frost estava ao volante. Maturidade e rapidez revelada pelo jovem piloto português não passaram despercebidas na maior prova de resistência dos Estados Unidos da América.
Depois de se ter sagrado vice-campeão da Europa de resistência (ELMS) na primeira época completa nos protótipos, em 2022, Guilherme Oliveira continua a surpreender entre a elite do automobilismo mundial. Desta feita, o jovem piloto de Vila Nova de Gaia deu nas vistas nas Rolex 24 Horas de Daytona, a mais importante prova de resistência disputada nos Estados Unidos, onde Guilherme Oliveira se tornou o mais jovem piloto português a competir no automobilismo norte-americano.
Ao volante de um Ligier da categoria LMP3, Guilherme Oliveira rapidamente se tornou a referência da equipa alemã MRS GT-Racing, uma estrutura sem experiência anterior em Daytona e que elegeu o português para pilotar o protótipo francês nas fases mais importantes da prova. Foi Guilherme Oliveira que qualificou o carro num excelente 4º lugar, na sua estreia absoluta em Daytona e foi também o jovem piloto de Vila Nova de Gaia que levou o carro até à liderança da corrida na categoria LMP3, no início do seu segundo turno de condução, na madrugada deste domingo (hora de Portugal).
Acompanhado pelo mexicano Sebastián Álvarez, pelo norte-americano James French e pelo singapurense Danial Frost, Guilherme Oliveira fez o arranque da grande corrida de Daytona, evitando as armadilhas de um pelotão compacto de 61 carros. Quando entregou o carro nas boxes, Guilherme Oliveira já tinha realizado a segunda melhor volta da categoria LMP3, com um registo de 1m44,370s, apesar da MRS GT-Racing não ter qualquer referência sobre o melhor set-up para o Ligier nesta pista. Na fase noturna da prova, quando regressou ao carro, Guilherme Oliveira recuperou do 4º lugar até à liderança da categoria LMP3, alimentando o sonho de um pódio logo na estreia em Daytona.
Contudo, sensivelmente a meio da corrida, à passagem das 12 horas de prova, o escape do Ligier cedeu e provocou um princípio de incêndio na traseira, obrigando Danial Frost a abandonar. Um desfecho inglório, mas que não apaga a excelente exibição de Guilherme Oliveira em circunstâncias muito difíceis e com um carro que nunca disputou uma prova tão extensa.
“Já tinha referido antes da prova que os LMP3 não são carros pensados para provas de 24 horas, o que implicava muita gestão da mecânica para tentarmos acabar a corrida”, afirmou Guilherme Oliveira, numa altura em que apenas dois dos nove LMP3 ainda estavam em prova, a cerca de duas horas do final da prova. “O escape simplesmente cedeu e não havia nada a fazer. Tentámos de tudo para ajudar a equipa a colmatar a falta de experiência a este nível, mas as corridas de resistência são mesmo assim. Sempre que tive o carro em condições normais, andámos a discutir os primeiros lugares da categoria e mostrámos maturidade na gestão de circunstâncias muito difíceis. Saio de Daytona com o sentimento de dever cumprido e com uma enorme vontade de regressar”, apontou o jovem piloto de 18 anos.
Para mais tarde recordar
Apesar de ter conquistado 15 títulos no karting e de vários resultados promissores em apenas duas épocas nas corridas de automóveis (fórmulas e protótipos), Guilherme Oliveira confessa que a experiência em Daytona é algo que dificilmente vai esquecer: “Foram duas semanas mágicas. Nunca vi tanta gente numa prova de automóveis. Para se ter uma ideia, os pilotos quase não conseguiam andar no paddock. A atmosfera do evento e das corridas nos Estados Unidos é simplesmente incrível. E, enquanto piloto, o facto de ter corrido num dos circuitos mais famosos do mundo e ter partilhado a pista com grandes nomes da resistência, é um momento que nunca irei esquecer”, concluiu.