- Emblemática propriedade no Vale do Távora, uma das mais antigas do Douro, é adquirida pelo conceituado cirurgião e enófilo alemão, Christoph Kranemann.
- Nasce a Kranemann Wine Estates, projeto de aposta nos vinhos DOC Douro e, também, no Vinho do Porto, valorizando a expressão característica do terroir do Vale do Távora.
- Investimento inicial, orçamentado em 12 milhões de euros, contempla a recuperação do Convento de São Pedro das Águias, valorizado enquanto unidade hoteleira, e a criação de 50 postos de trabalho.
Tabuaço, 29 de Julho de 2018
A Quinta do Convento de São Pedro das Águias, uma das mais antigas quintas do Douro, localizada no Vale do Távora, foi adquirida pelo enófilo alemão Christoph Kranemann, tornando-se a joia da coroa de um novo empreendimento vitivinícola e de enoturismo na mais antiga região demarcada do Mundo: a Kranemann Wine Estates. Este projeto representa, numa primeira fase, um investimento de 12 milhões de euros, para aposta em vinhos DOC Douro, Porto e enoturismo, dinamizando a economia local e criando, pelo menos, 50 empregos diretos. Os primeiros vinhos acabam de ser lançados no mercado e, em breve, avançará a recuperação do mítico Convento de São Pedro das Águias, construção originária do séc. XII, que será valorizada enquanto unidade hoteleira.
Conceituado cirurgião radicado no Canadá, fundador do Clearview Vision Institute, Christoph Kranemann descobriu a Quinta do Convento de São Pedro das Águias em 2018, enamorando-se imediatamente pelo fantástico património histórico e vitivinícola existente. Casado com uma portuguesa, conhecedor do mundo do vinho e apaixonado pelo Douro, encontrou nesta propriedade a conjugação perfeita das suas paixões: vinho, geologia, história e arquitetura.
No final dos anos 80, na sequência de viagens profissionais pela Austrália, Christoph Kranemann equacionou estabelecer-se nesse país enquanto produtor, embora a distância tornasse o sonho impossível. O sonho começou a realizar-se em 2004, quando conheceu a sua mulher e passou a visitar Portugal com frequência, descobrindo os vinhos e as castas locais, iniciando-se de forma modesta na viticultura (uma pequena experiência familiar no Dão) e descobrindo as particularidades das diversas regiões nacionais, nomeadamente, do Douro e dos seus vinhos do Porto.
Agora, é precisamente a partir de um Douro muito característico, na Quinta do Convento de São Pedro das Águias e no Vale do Távora, onde dispõe de vinhas de altitude implantadas em solos de xisto e granito, que Christoph Kranemann idealiza vinhos diferenciadores, frescos e equilibrados, que se diferenciem pela expressão deste terroir.
As exposições solares orientadas a norte e nordeste, e as altitudes que variam entre os 320 e os 420 metros, definem as condições muito particulares dos 150 hectares da Quinta do Convento de São Pedro das Águias, onde a viticultura coexiste com 5000 oliveiras, árvores de fruto e floresta, e onde surgem 27 hectares de vinha, cuja plantação remonta a 1970. Em quintas anexas surgem mais 30 hectares de vinha. Em termos de castas, destacam-se variedades clássicas de uvas do Douro, como Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinta Barroca, nos tintos, bem como um lote de uvas brancas onde predominam o Viosinho e o Rabigato.
A aposta no Vinho do Porto e a enologia
O projeto de Christoph Kranemann é concretizado não apenas na produção de vinhos DOC Douro, traduzindo igualmente uma forte aposta no Vinho do Porto, objetivo que faz questão de assumir, por paixão, mesmo que contra corrente. Dispondo das vinhas velhas e de um vasto espólio de colheitas em envelhecimento nas caves da Quinta do Convento de São Pedro das Águias, bem como dos recursos existentes na moderna adega construída em 2005, Christoph Kranemann complementa este potencial com uma enologia de referência, que se propõe potenciar as particularidades do terroir de altitude. Diogo Lopes, um dos grandes enólogos portugueses da nova geração, com percurso reconhecido nas regiões de Lisboa, Alentejo e Açores, assume a chefia do projeto, acompanhado pela consultoria do seu parceiro de sempre, Anselmo Mendes, bem como da enóloga residente Maria Susete Melo.
Enoturismo: Um novo hotel com 25 quartos
A Quinta do Convento de São Pedro das Águias é parte integrante da história do Douro. As suas raízes encontram-se no Séc. XII, quando monges da Ordem de Cister se estabeleceram nesta quinta localizada em Tabuaço, lançando as bases do que é o convento hoje existente e contribuindo para a introdução da cultura da vinha. Nos últimos 50 anos, entre propriedade de portugueses e estrangeiros, como a família Macedo e Pinto, os franceses Paul Vranken e Mauricette Mordant, Patrick Landanger (construtor da moderna adega hoje existente), ou os canadianos do Grupo Colt, a Quinta do Convento de São Pedro das Águias esteve dedicada, essencialmente, à produção de vinhos.
O projeto Kranemann Wine Estates vem agora acrescentar, também, uma forte dimensão turística, com a construção de um novo hotel de 25 quartos, através da recuperação e valorização do convento existente. Este virá a constituir uma nova alternativa de enoturismo no Vale do Távora, dinamizando a economia da região. O plano de negócio contempla a criação de 50 empregos diretos, para operacionalização de uma infraestrutura que valorizará, essencialmente, as experiências relacionadas com o vinho, território, história e arquitetura.
Chegam os primeiros vinhos
Fruto do trabalho preliminar da nova equipa de enologia, a Kranemann Wine Estates está a lançar os primeiros vinhos no mercado, precisamente daquelas que serão as marcas de referência da casa. Surgem assim os vinhos Quinta do Convento, tinto e branco, que representam os colheitas DOC Douro com os mais emblemáticos rótulos da gama. E chegam também os primeiros Kranemann Porto, a marca de referência para a gama de Vinho do Porto, com o lançamento de dois Tawny, 10 e 20 anos. Eis os primeiros vinhos Kranemann Wine Estates, explicados pelo enólogo Diogo Lopes:
Quinta do Convento Tinto 2016:
“Quando chegámos, em 2018, ficámos muito entusiasmados com os tintos que encontrámos na adega, nomeadamente a Touriga Nacional de 2016. Esse ano tinha sido uma vindima especialmente quente no Douro, mas o terroir do Vale do Távora sempre acaba por garantir algum equilíbrio. Apostámos, então, num lote marcado por esta Touriga Nacional, que estagiou em barricas de carvalho francês, e alcançámos um vinho com um perfil claramente duriense, com muita elegância e frescura. Creio que temos uma estreia muito feliz, um vinho belíssimo, gastronómico, muito elegante”.
Quinta do Convento Branco 2018:
“Resulta de um blend de castas tradicionais, como o Rabigato, Viosinho, Gouveio e Arinto. Procurámos identificar as melhores parcelas e optámos por vinificações distintas, com alguns vinhos a evoluírem em barricas francesas de 500 litros, outros em inox, com estágio em borras finas. No final temos um lote que integra 30% de vinho de barrica, e que demonstra todo o potencial deste terroir para grandes brancos, com muito carácter, frescura e mineralidade”
Kranemann Tawny (10 e 20 anos):
“Começamos por lançar dois Tawny que resultam, naturalmente, do fantástico património de vinhos em envelhecimento que encontrámos nas nossas caves. Procurámos agora trabalhar e finalizar os lotes 10 e 20 anos, honrando o perfil do nosso terroir, em que existe uma acidez natural mais presente, que acreditamos ser muito enriquecedora dos vinhos do Porto e, também, cada vez mais valorizada pelos consumidores. Os vinhos são uma agradável surpresa”.