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Regresso a Portugal e atuação de Miki Biasion fascinou espectadores

 

  • Bicampeão do Mundo, Miki Biasion, encantou milhares de pessoas que acompanharam a prova na estrada, levando o seu mítico Lancia 037 ao quarto lugar final
  • Vitória absoluta foi para o Ford Escort MK II de Eduardo Veiga.
  • Palco da Marginal e Mosteiro da Serra do Pilar, em Vila Nova de Gaia deram brilho ao evento, disputado nas magníficas classificativas do Coronado

 

Foram dois dias recheados de emoções e adrenalina, onde milhares de pessoas “viajaram no tempo” para conviverem com os carros e pilotos que escreveram a história dos ralis. Uma viagem que, metaforicamente, se prolongou por cinco décadas, tantas foram as vivências proporcionadas aos amantes do desporto motorizado e, em particular, ao dos ralis, por esta segunda edição do RallySpirit Altronix.

Votado ao sucesso desde o primeiro momento, o evento reuniu cerca de 100 equipas, muitas das quais apresentaram à partida carros verdadeiramente icónicos e carregados de história como os míticos e saudosos Lancia 037 e Delta Integrale, Alpine Renault e Renault 5 Turbo, Fiat 131 abarth, Porsche 911, Audi Quattro, só para falar dos mais emblemáticos e os que mais admirações arrancaram aos fãs.

Como se de um museu ambulante se tratasse e num ambiente único e unanimemente elogiado por todos os pilotos e navegadores, o RallySpirit Altronix 2016 reuniu também um leque de pilotos com currículo de luxo, do qual o Bicampeão do Mundo de Ralis, Miki Biasion, foi a expressão máxima em termos de popularidade e de química com os adeptos dos ralis.

Aliás, um dos segredos de sucesso da prova, foi mesmo a heterogeneidade dos pilotos, provindos de várias disciplinas do automobilismo, desde os Ralis à Velocidade, passando pelo Todo-o-Terreno, provando que o conceito de “rally-legend” associado à eficaz organização, pode cativar todo o género de pilotos, potenciando, ainda mais, o desporto motorizado.

Na edição de 2016, a prova organizada pela Xikane e dirigida desportivamente pelo Clube Automóvel do Minho, revelou-se, então, um assinalável êxito, fruto também das opções de direcionar o rali para Vila Nova de Gaia, onde a partida simbólica na zona ribeirinha e a posterior subida até ao Quartel da Serra do Pilar na noite de sexta-feira, se afirmaram como pontos altos, ao concentrarem largos milhares de espectadores. Tudo isto antes do rali fechar com chave de ouro, no Mosteiro da Serra do Pilar, com um espetacular Slalom, que deu um tónico ainda mais revivalista à prova, ressuscintando uma das tradições perdidas dos ralis dos anos 80 e que, mesmo com o aparecimento da chuva e a noite a cair, concentrou uma impressionante multidão.

Entre a partida e a chegada de Vila Nova de Gaia, não faltaram também sensações fortes nas classificativas da região do Coronado. Foi aí que ao longo de sete provas especiais – a primeira das quais disputada já de faróis acesos na noite de sexta-feira – se definiram os vencedores.

Com o aparecimento da chuva nas derradeiras classificativas, assistiu-se uma autêntica revolução na classificação absoluta e por categorias, com os Ford Escort a assumirem o protagonismo. Eduardo Veiga e Justino Reis, no Escort MK II, ascenderam à liderança na penúltima especial, assegurando o triunfo à geral e na Categoria “Spirit”, enquanto Filipe Barbosa e Bia Pinto, no Escort MK I, acabaram por ser os mais eficazes contra o cronómetro na Categoria “Históricos”, assegurando o pódio em termos absolutos.

Para uns vencerem outros têm que perder e, neste caso, a chuva ditou que as duplas Pedro Leal/Isabel Ramalho e Miki Biasion/Mário Castro fossem as maiores prejudicadas pelas mudanças de condições climatéricas repentinas, com Leal a perder o triunfo absoluto nas duas últimas provas especiais pelo facto do seu Mitsubishi Lancer Evo 6 ter “calçados” pneus para piso seco, enquanto Biasion acabou por ver a vitória nos “Históricos” escapar-se-lhe de forma ainda mais evidente, quando, à entrada da última classificativa parecia ter o triunfo assegurado por 45s.

Mas para o italiano e ainda o único piloto que até hoje a venceu o Rali de Portugal três vezes consecutivas, a participação no RallySpirit Altronix acabou por, ainda assim, ser altamente positiva. “Foi ótimo regressar a Portugal e confirmar que continua a existir uma enorme paixão pelos ralis. Adorei a prova, as classificativas e todo o ambiente que está à volta deste RallySpirit. No capítulo desportivo tudo correu bem, apenas fomos surpreendidos pela chuva na parte final da prova, numa altura em que o Lancia 037 estava com pneus para piso seco, o que nos obrigou a reduzir fortemente o ritmo. Mas os ralis são mesmo assim!”, fez questão de salientar com muito desportivismo à chegada a Vila Nova de Gaia, sem esconder a satisfação.

Para Pedro Ortigão, responsável da Xikane, e em jeito de balanço, a realidade acabou por corresponder às expetativas que se geraram à volta da prova: “este ano demos um passo importante em termos de afirmação do RallySpirit, tanto a nível nacional como internacional, e todos os pilotos reconheceram mérito à prova. A participação do Miki Biasion e a forma como conduziu o mítico Lancia 037 deu um sabor especial ao rali, mas o facto de termos quase uma centena de concorrentes e tantos espectadores na estrada, que tanto tem acariciado esta prova, também mostrou que a aposta foi ganha. Sentimos, contudo, que há ainda espaço para melhorar e, por isso, em 2017, esperamos poder apresentar um rali ainda mais atrativo”.

Cai, assim, o pano sobre a segunda edição do RallySpirit Altronix, que tão boas recordações vai, certamente, deixar entre equipas, pilotos e espectadores.

 

Classificação final em wwr.stm.pt/spirit2016/results.