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Uma das edições mais duras dos últimos anos da Baja Espanha – Aragón pôs à prova a resiliência e capacidade das duplas do Team Consilcar. Inseridos num plantel do luxo, por entre as melhores equipas do mundo, Edgar Condenso e o navegador António Serrão foram condicionados por problemas mecânicos na Ford Ranger mas conseguiram terminar a prova espanhola no 7.º lugar da geral entre os T1.

O jovem Duarte Silva, que fazia a estreia absoluta em Aragón, navegado por Nuno Silva, também teve uma aprendizagem valiosa nos trilhos espanhóis, com a dupla do Can-Am a superar adversidades rumo ao 16.º lugar da categoria T3.

Pontuável para a Taça do Mundo de Bajas, a Baja Espanha – Aragón apresentava um plantel com quase 100 equipas na prova FIA e vários sonantes do automobilismo mundial, de Nasser Al-Attiyah a Carlos Sainz, de Stéphane Peterhansel a Mattias Ekström ou Nani Roma, só para citar alguns. O Team Consilcar voltou a apostar numa das mais importantes provas do calendário mundial, com Edgar Condenso e António Serrão a repetirem presença com a Ford Ranger da categoria T1, e Nuno Silva, também com experiência anterior da prova espanhola, a apoiar a estreia em Aragón do filho, Duarte Silva, com o Can-Am da categoria T3.

Disputada numa região semi-desértica, em torno da cidade de Teruel, a Baja Espanha – Aragón tinha mais de 500 quilómetros cronometrados em trilhos demolidores, com uma dificuldade acentuada pelas altas temperaturas e pelo pó. Na sexta-feira, Edgar Condenso e António Serrão fizeram um grande esforço para terminar o Setor Seletivo depois de terem ficado sem travões e, mais tarde, sem turbo na Ford Ranger. No sábado, conseguiram subir quatro lugares na geral, apesar dos travões terem cedido novamente no derradeiro Setor Seletivo, com a dupla da Consilcar a terminar no 7.º lugar da geral nos T1.

“A palavra certa para definir esta participação é ‘resiliência’”, referiu Edgar Condenso no final. “Depois de todos os problemas na sexta-feira, que nos atiraram para o fim da tabela, no sábado conseguimos recuperar nos primeiros 150 km da manhã, apesar do imenso pó que apanhámos. Mas no setor da tarde voltámos a ficar sem travões e partir daí a prioridade foi terminar a prova, porque era fácil cometer erros nestas condições”, analisou o ex-campeão nacional T2 e vencedor da Taça Ibérica de TT.

António Serrão, que regressou a Aragón depois da participação em 2021, também se mostrou “satisfeito por termos superado mais um enorme desafio, um verdadeiro teste às capacidades dos carros e das equipas. Esta baja é conhecida pelo calor, pó e dificuldade, mas este ano tivemos de usar toda a nossa determinação e capacidade de gestão”, afirmou.

Duarte Silva e Nuno Silva sempre em crescendo

Para Duarte Silva, a Baja Espanha – Aragón foi o maior desafio da sua ainda curta carreira no TT. O jovem piloto de 21 anos, que se estreou na modalidade em 2022, e logo com vitórias no troféu Yamaha, passou este para o Can-Am da categoria T3 e deu boas indicações na Baja TT Montes Alentejanos e na espanhola Baja TT Dehesa Extremadura, apesar de alguns problemas no seu SSV.

Desta feita, Duarte Silva e Nuno Silva enfrentaram um percurso ainda mais difícil, onde tiveram de rodar vários quilómetros sem travões, fruto do desgaste de uma prova tão longa e exigente, chegando mesmo a capotar propositadamente, no sábado, para evitar o embate numa árvore. No derradeiro Setor Seletivo, conseguiram subir dois lugares na geral, terminando no 16.º posto entre os T3, apesar de uma penalização de oito minutos por terem falhado alguns waypoints obrigatórios.

“Foi uma enorme aprendizagem”, apontou Duarte Silva após 512,3 quilómetros demolidores. “Uma prova muito dura, em que tivemos de lidar com muitas situações e terrenos que me eram desconhecidos. Acho que a única coisa que ainda não tive de fazer é trocar uma correia! Mas o setor da tarde de sábado foi um dos mais difíceis até agora, sem travões desde o início, tive de capotar o carro num gancho para não ficarmos numa árvore. Ficámos sem comunicações… num piso com muita pedra e traiçoeiro. Foi uma ‘aula’ perfeita para um piloto que está a evoluir, como eu”.

Nuno Silva, cuja experiência e know how têm sido valiosos nesta aprendizagem de Duarte Silva, também confirmou a dureza desta edição da prova aragonesa. “São muitos quilómetros demolidores para mecânicas e pilotos, mas conseguimos impor um andamento muito vivo, apesar das naturais peripécias. O Duarte continua a sua aprendizagem em competição. Já percebeu, por exemplo, a importância de ouvir as notas para não falhar waypoints, que aqui significaram 8 minutos de penalização. Aprendeu a andar dezenas de quilómetros sem travões, algo característico de provas tão longas e difíceis. Tivemos um furo a 30 quilómetros do final, trocado com ajuda do Mattias Ekström, da Audi. E depois aquele momento tipo ‘Técnica de Tartaruga’ (risos), quando tivermos de ‘trancar’ o carro e capotar, para evitar uma saída de estrada com consequências maiores. Terminar uma prova assim é uma vitória”, afirmou Nuno Silva, que depois dos títulos ao lado de Edgar Condenso, tem agora outra missão ao lado do filho, Duarte.

A próxima prova do Team Consilcar será a Baja TT Reguengos – Mourão – Redondo, de 22 a 24 de setembro.

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